Spartaco
Spartaco Ghilardi nasceu no dia 12 de maio de 1914, na província de Viareggio, região da Toscana, costa Atlântica, no sul da Itália. Seus pais, Sr. Gino Ghilardi e D. Assunta Fioravante Ghilardi, nasceram na Itália. Com onze e oito anos de idade, respectivamente, migraram para o Brasil.
Depois de casados, em 1914 retornaram à sua terra natal, para visitar parentes e amigos. D. Assunta, na época, estava grávida. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, Spartaco terminou encarnando em solo europeu.
Foi o único filho, de um total de nove, a nascer na pátria de origem de seus genitores.
No período da infância, Spartaco só veio a falar com a idade de quatro anos. Quando moço, entre 10 e 15 anos, era sonâmbulo. Esses dois fatos foram motivos de grandes preocupações para seus pais, avós e parentes.
Aos 12 anos de idade, Spartaco começou a trabalhar, com seu pai, numa empresa de decoração e vendas de móveis. Trabalhou, também, vários anos numa empresa alemã, na qual chegou a ocupar o cargo de Gerente Comercial. Depois, em sociedade com seus irmãos, montou uma empresa de decorações, que funcionou durante algumas décadas.
O primeiro contato do Spartaco com o Espiritismo deu-se através de reuniões espíritas realizadas na casa dos pais de D. Zita Calicchio, na época sua namorada.
Em 29 de novembro de 1945 contraiu núpcias com D. Zita, que passou a chamar-se Zita Ghilardi. O casal tem duas filhas, dois netos, quatro netas e duas bisnetas.
Spartaco iniciou o desenvolvimento de sua mediunidade na Federação Espírita do Estado de S. Paulo – FEESP, na qual teve como sua principal orientadora, D. Nair Ambra Ferreira, senhora dotada de grandes faculdades mediúnicas. Como médium, teve papel decisivo na fundação da Associação Médico-Espírita de São Paulo e na fundação de várias instituições espíritas, entre as quais citamos as seguintes: Associação Espírita Domingos Rímoli, Casa da Passagem, Casa Espírita Refúgio de Paz, Centro Espírita Batuíra de Vinhedo, Centro Espírita José de Andrade, Centro Espírita Dr. Luiz Monteiro de Barros, Grupo Espírita Batuíra, Grupo Espírita Batuíra (Portugal), Grupo Espírita Cristão de Santos, Grupo Espírita Refúgio de Paz, Instituição Beneficente Nosso Lar e Lar Mãe Mariana.
Na educação de sua mediunidade, Spartaco disse ter contado com o auxílio de muitas mãos generosas, entre as quais sempre mencionou os nomes de D. Nair Ambra Ferreira, D. Rina Ghilardi, Dr. Luiz Monteiro de Barros, Dr. Hernani Guimarães Andrade, Sr. Américo Montagnini, D. Maria Augusta Puhlmann e D. Quininha de Freitas.
Um aspecto curioso da mediunidade de Spartaco é que, em dados momentos, ele recebia instruções dos Benfeitores Espirituais, que lhe pediam para ir a determinado lugar visitar alguém, em situação aflitiva, que ele nem sempre conhecia. Ao chegar no local, se exprimia dessa forma: “Eu sou Spartaco, vim aqui para...” E era sempre bem recebido!
Na sua trajetória mediúnica, costumava participar de reuniões privativas em casas de amigos. Nessas reuniões, quando inspirado pelos Benfeitores Espirituais, dava orientação para fundar centros espíritas. Foi em uma reunião espírita realizada, em sua casa, na Rua Rosa e Silva, em S. Paulo, que veio a orientação da Espiritualidade Maior para que fosse edificada uma instituição espírita, regularmente constituída, pois a mesma já existia no mundo espiritual havia 80 anos. Nascia assim, em 15 de janeiro de 1964, o Grupo Espírita Batuíra, seu segundo lar, um lar no qual trabalham hoje mais de 800 voluntários em quatro unidades, a saber: a sede administrativa / doutrinária, situada na Rua Caiubi (Perdizes); o Núcleo Assistencial em Vila Brasilândia; o Espaço Apinagés (Perdizes), no qual funcionam os serviços de doação, recuperação de roupas, atelier e bazar; e a unidade mais recente, a Casa de Cuidados Lar Transitório Batuíra (Bela Vista).
Entre seus tipos de mediunidade, a que mais se destacou foi a de psicofonia; depois, surgiram espontaneamente as mediunidades de vidência, clariaudiência, receitista, cura, desdobramento e premonição.
Aos 90 anos de idade, Spartaco Ghilardi, um dos maiores médiuns deste País, retornou à pátria espiritual, deixando uma grande lacuna no meio espírita e muita saudade entre aqueles que lhe compartilharam a presente encarnação.
Sua desencarnação deu-se no dia 29 de outubro de 2004, às 13h20, no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, onde se encontrava internado há mais de 10 dias. Seu corpo foi velado no Hospital Beneficência Portuguesa diante de um público de cerca de 700 pessoas, não obstante um fim de semana de feriado prolongado. No velório, várias pessoas representantes do movimento espírita em nosso País, deram seu testemunho ao médium, com sua presença, entre as quais citamos os nomes de Dra. Marlene Rossi Severino Nobre, diretora da Folha Espírita e presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil, e o Prof. Altivo Ferreira, vice-presidente da Federação Espírita Brasileira.
Na cerimônia de despedida, familiares do médium e representantes de instituições espíritas, fizeram uso da palavra:
D. Nedda Ghilardi (irmã do médium), Dr. Domério de Oliveira, D. Nancy Puhlmann, D. Nena Galves, Prof. Apolo Oliva Filho, Geraldo Ribeiro, Douglas Bellini, Ronaldo Martins Lopes e D. Zita Ghilardi (esposa do médium). Os quatro últimos pertencem à Diretoria e Conselho do Grupo Espírita Batuíra.
O seu corpo, já macerado de tanto sofrimento, foi inumado no Cemitério de Vila Mariana, às 14 horas, do dia 30 de outubro, ante a presença de centena de amigos e de outros representantes do movimento espírita em nosso País. Destaque para as presenças dos senhores Nestor Masotti, presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB), Atílio Campanini, presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE) e Avildo Fioravante, ex-presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP).
Spartaco, como médium, serviu a muitas causas. Participou, na década de 50, ao lado do Sr. José Gonçalves Pereira, das reuniões administrativas da USE, servindo de intermediário dos bons Espíritos para que eles manifestassem sua palavra sobre a atuação e o futuro daquela entidade. Foi também o intérprete dos Espíritos superiores para que fosse fundada a Associação Médico-Espírita, hoje uma entidade de projeção mundial.
No Grupo Espírita Batuíra, Spartaco nunca quis participar da diretoria executiva. O único cargo que aceitou foi o de diretor do departamento de doutrina. Só recentemente, com a criação do Conselho de Administração, é que ele aceitou o cargo de membro do Conselho.
Spartaco não era conhecido somente no Brasil, mas também no exterior. O Sr. Jorge B. Bustillo, da Colômbia, o visitava quase todos os anos. Sra. Janet Duncan, da Inglaterra, foi sempre muito grata a ele e ao Grupo Espírita Batuíra, onde ela fez sua iniciação espírita.
Orlando Carvalho, ex-diretor do GEB, e que atualmente dirige o Grupo Espírita Batuíra de Lisboa, é um dos divulgadores do nome do médium em Portugal. Podemos incluir nesta relação, D. Maria Isabel Saraiva, também de Portugal e Ucho Gaeta, de Milão (Itália).
Spartaco foi discípulo fiel de Francisco Cândido Xavier, desde a época em que o médium mineiro morava em Pedro Leopoldo (MG). Sempre o visitava com certa regularidade, para - dizia ele - buscar energia, força e orientação. Costumava dizer que Chico era seu mestre, seu grande amigo, seu referencial de vida e o maior exemplo de vivência do Evangelho do Mestre Jesus. É incontável o número de pessoas encaminhadas pelo discípulo de Emmanuel ao Grupo Espírita Batuíra para receberem orientação espiritual e conforto, através do Spartaco!
Os Espíritos Batuíra, Dr. Bezerra de Menezes e Manecão foram, ao longo da vida de Spartaco seus protetores e orientadores diretos. Fazemos esta afirmação porque eram eles que, nos momentos mais graves, lhe traziam o aconselhamento indispensável. Entretanto, vários outros Espíritos amigos se revezavam na ajuda diuturna ao médium que, como todos os missionários, lutam com sacrifício.
Spartaco, a exemplo de Chico Xavier, preferiu sair pela porta dos fundos. Chico Xavier nos deixou num dia em que o Brasil estava em festa, pela conquista do pentacampeonato de futebol. Spartaco se despediu de nós numa véspera de feriado prolongado, quando milhares de pessoas deslocavam-se para outros lugares.
Do livro “Spartaco: história de um médium”, de nossa autoria, extraímos um poema muito significativo escrito por Dinorah Pastori, que reflete o carinho de que o médium Spartaco desfrutava junto aos seus seguidores.
Ao chegar no Batuíra
Que alegria senti
Encontrei o tarefeiro
Que jamais eu esqueci.
O seu nome é Sr. Spartaco
O seu lema é trabalhar
Com seus quase noventa anos
A todos procura ajudar.
Texto de Geraldo Ribeiro da Silva
Secretário e Diretor de Divulgação Espírita do GEB
e-mail: ribeiro.geraldo@terra.com.br
- Para mais informações consulte a edição ANO VIII n.48, NOVEMBRO/DEZEMBRO 2004 do BATUÍRA JORNAL
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