Zita
Zita Ghilardi nasceu em São Paulo (SP), no dia 28 de setembro de 1926, e desencarnou na mesma cidade, no dia 5 de maio de 2013, após 43 dias internada no Hospital Alvorada, deixando em nosso coração um grande vazio e muita saudade.
Durante todo esse período, em nenhum momento a vimos reclamar da sua enfermidade. Tudo suportou com resignação e paciência. A Medicina fez o que pôde para mantê-la entre nós, porém, os desígnios de Deus são sábios e falaram mais alto.
Especular sobre por que D. Zita passou todos esses dias em sofrimento, é buscar uma resposta difícil e que, se fosse possível obtê-la, não acrescentaria muita coisa ao que ela fez pela sua família e pelo Grupo Espírita Batuíra.
No velório compareceram centenas de pessoas, entre parentes e amigos, que foram levar a ela seu carinho e amizade. O ambiente estava tão leve que todos nós resolvemos cantar sua música predileta: “Canção da Alegria Cristã”, de Leopoldo Machado.
O enterro do seu corpo físico deu-se no Cemitério da Vila Mariana, às 16h, do dia 5, no mesmo túmulo, onde se encontra o do seu esposo, Spartaco Ghilardi, com quem conviveu durante quase seis décadas.
D. Zita tinha aproximadamente 1m68cm de altura, cor branca, olhos azuis e cabelos castanhos lisos. Era uma pessoa amável, resignada e acolhedora. Diante da pergunta: “Como vai, D. Zita?”, ela respondia prontamente: “Melhor agora, com você!”.
Era filha de Galileu Calicchio e Waldemira Gallo Calicchio, ambos imigrantes italianos. Embora católico, seu pai possuía de forma ostensiva o dom da mediunidade. Por vezes, entrava em transe mediúnico na Igreja, deixando o sacerdote e seus auxiliares em situação embaraçosa. É no Espiritismo que ele vai encontrar a resposta para seu problema espiritual. Depois funda um centro, onde ao lado de outros espíritas, estuda e pratica a mediunidade.
D. Zita disse certa vez que só lamentava não ter aproveitado os ensinos e as experiências do seu pai. Porém, com o transcurso do tempo, através do estudo da Doutrina Espírita, ela se revela uma trabalhadora incansável na seara do Mestre.
Há um ditado popular que diz: “Por detrás de um grande homem há sempre uma grande mulher”. Todo provérbio tem de certo modo um fundo de verdade. Porém, precisamos reconhecer que D. Zita não esteve somente por detrás do Sr. Spartaco, mas, em muitas situações, nós a vimos à frente dele, abrindo caminhos, suportando pressões e dizendo “não”, quando necessário.
D. Zita dizia que pessoas mal informadas acerca da Doutrina Espírita pensavam que o médium é um adivinho, um ser dotado de poderes sobrenaturais, que tem respostas para tudo, inclusive a faculdade de conhecer passado, presente e futuro das pessoas, o que ela acertadamente não concordava.
Declarou em outra oportunidade que o Grupo Espírita Batuíra foi durante muitos anos sua única casa. As atividades doutrinárias exigiam dela e do esposo presença constante naquele templo de oração. Somente quando a saúde do Sr. Spartaco declinou, impondo-lhe a necessidade de ficar mais tempo em casa, ela se deu conta de que tinha um lar, uma família.
No Grupo Espírita Batuíra, além de ter sido uma de suas fundadoras, D. Zita foi membro da diretoria executiva, desde a primeira gestão, em 1964, ocupando sucessivamente os cargos de 2ª vogal, 2ª tesoureira, bibliotecária e, por fim, membro do conselho de administração.
No campo doutrinário dirigia a reunião mediúnica, nas tardes de segunda-feira. Nos últimos anos, devido ao seu estado precário de saúde, havia sempre uma cuidadora do seu lado, dando-lhe a assistência necessária. Mesmo doente D. Zita procurava, sempre que possível, ir à reunião, mantendo-se serena e em prece. Nas suas orações, ela tinha por hábito evocar esta expressão de Jesus: Senhor! Faça-se a sua vontade e não a nossa!
D. Zita sempre acompanhou o esposo, na sua gloriosa missão de orientar, espiritualmente, pessoas necessitadas. Foi sem dúvida, sua guardiã, confidente e fiel companheira. Jamais o deixou só! O Sr. Spartaco, por sua vez, dizia que ela foi para ele um “presente de Deus”.
O casal deixa duas filhas: Rina e Anália; genros, netos e bisnetos.
Texto: Geraldo Ribeiro
Maio / 2014