Ir para o conteúdo. | Ir para a navegação

Ferramentas Pessoais

Navegação
Você está aqui: Página Inicial / Quem somos / História / Spartaco / Entrevista - Ano 1997

Entrevista - Ano 1997

Batuíra Jornal foi lançado em 1997. Geraldo Ribeiro da Silva, responsável pelo lançamento do jornal, entrevistou Spartaco Ghilardi, diretor do Departamento de Doutrina e o principal idealizador do Grupo Espírita Batuíra. Reproduzimos aqui a entrevista na íntegra, publicada na edição nº 01, de Janeiro-Fevereiro de 1997.

Um nome que se confunde com a história do Grupo Espírita Batuíra


Neste número do BJ, o entrevistado é o sr. Spartaco Ghilardi, diretor do Departamento de Doutrina e o principal idealizador do Grupo Espírita Batuíra. Apoiando por um grupo de companheiros de boa vontade, não mediu esforços para fundar uma das instituições espíritas que mais se destaca no campo da divulgação da doutrina kardecista e assistencial. Spartaco é uma dessas pessoas, cujo carisma consegue atrair para o Grupo Batuíra criaturas que se dispõem a se reformar intimamente e ser úteis no serviço do bem. Muitos são as pessoas que descobriram no Spartaco a alegria de viver e servir a Jesus, através da prática da caridade. Conversar com ele é gratificante. Ele tem sempre uma palavra de estímulo àquele que se encontra no mundo sem esperança.

Outra característica do Spartaco, não obstante sua idade, é sua capacidade fantástica de memorizar nomes de pessoas, datas, fatos, citações de textos etc, deixando admirados seus interlocutores. Junte-se a isso, sua inteligência ao analisar as questões sociais e espirituais com extrema habilidade.

Como médium, Spartaco é sempre procurado por pessoas de todas as localidades do Brasil, inclusive do exterior, para dar uma palavra de orientação ou de consolo. Nele você encontra diversos tipos de mediunidade como, por exemplo: audiência, vidência, psicofonia, psicografia e outros. Revelações feitas pela espiritualidade, usando seus recursos mediúnicos, têm ajudado aos que lhes buscam a orientação, a encontrar a paz interior desejada.
No dia 17 de fevereiro de 1997, quando fomos entrevistá-lo em sua residência, sua postura aos seus quase 83 anos de idade era a de um jovem disposto a encarar a vida com todo o dinamismo que lhe é peculiar.

BJ - Onde o senhor nasceu?

SPARTACO - Nasci na cidade de Viareggio, na Itália. Meus pais eram italianos e residiam em São Paulo quando decidiram fazer um passeio na Europa. Foi nessa viagem que, através de minha mãe, retornei ao mundo.

BJ - Quando o senhor nasceu?

SPARTACO - Nasci no dia 12 de maio de 1914. Embora eu tenha nacionalidade italiana, resido no Brasil há 82 anos.

BJ - Por que o nome Spartaco?

SPARTACO - Na verdade meu pai não sabia o nome que deveria me dar. Num dos passeios pela cidade ele observou que estava passando um filme de nome Spartacus. Foi aí que ele teve a ideia de colocar o meu nome de Spartaco.

BJ - Como ocorreu o seu ingresso no Espiritismo?

SPARTACO - Meu ingresso no Espiritismo, como sói acontecer, deu-se através do sofrimento, da dor e dos inúmeros problemas que surgem e que não têm explicação, nem um diagnóstico convincente. Eu vivia, como costuma-se dizer, por aí, perturbado e desequilibrado. Era impulsivo, impaciente e intolerante. Na época, eu era católico apostólico romano e militava, às vezes, na Igreja. Mas isso não dava resultado nenhum na solução dos meus problemas. Foi quando em 1943 eu conheci a Zita que é minha esposa. O pai dela era médium e realizava algumas reuniões espíritas em sua residência. E eu, como amava e amo muito minha esposa, para agradá-la eu ia (contra a minha vontade) a essas reuniões. E o fenômeno mediúnico começou a despontar, exigindo de mim algo mais. A partir daí, comecei a aceitar a Doutrina Espírita. 

BJ - Logo que o senhor tomou contato com o fenômeno mediúnico, já começou a estudar a Doutrina?

SPARTACO - Quando o fenômeno começou a despontar em mim, imediatamente procurei a Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP), onde me coloquei à disposição daquela casa para o trabalho. E uma ou duas vezes por semana, era recebido na FEESP por um grupo de pessoas dirigidas pela nossa querida irmã Nair Ambra Ferreira. Nessas reuniões , eu comecei a desenvolver e educar a minha mediunidade. Até aquele instante, eu não lia nada. A partir daí, comecei a ler e a me interessar pela Doutrina. Primeiro, li "O Evangelho Segundo o Espiritismo", que me foi agraciado, em 1945, por um confrade muito querido. Depois, passei a ler "O Livro dos Espíritos", seguidos de outras obras da codificação, mas sempre a passos lentos, porque eu ainda acreditava que só o contato com o fenômeno era a solução para os meus problemas, quando na verdade não era.

BJ - Há quanto tempo o senhor atua no campo mediúnico?

SPARTACO - Bem, eu confesso que há 53 anos venho me colocando a serviço da Espiritualidade Maior, da qual espero ser um servidor útil e fiel.

BJ - Como surgiu o Batuíra (Espírito) na sua vida?

SPARTACO - Eu sempre fui muito curioso e muito interessado pela Doutrina. Tive conhecimento que existia um médium , em Pedro Leopoldo, de nome Francisco Cândido Xavier. E, por volta de 1954, fui até lá, com minha esposa, visitar o Chico que nos recebeu com muito carinho e atenção. Até aquele ano, eu me encontrava numa instabilidade muito grande, com grandes dificuldades, sem saber para onde me dirigir e o que fazer. Foi no contato com o Chico que comecei a pisar em terreno firme. Senti nele a bondade, o carinho, a humildade, o exemplo e sobretudo a Doutrina Espírita que me fizera acreditar no futuro. A cada dois meses ia a Pedro Leopoldo participar das reuniões como Chico Xavier. Certo dia, ele me convidou para fazer uso da palavra na reunião que organizava, às sextas-feiras, no Centro Espírita Luiz Gonzaga. Fui pego de surpresa. Confesso ter ficado tenso diante da responsabilidade que me foi confiada. Quando terminei a explanação, que por sinal foi boa, perguntei ao Chico, no final da reunião, "Como é que isso aconteceu?" Ele me disse: "Meu filho, fique tranquilo porque quem o inspirou, quem orientou você foi Batuíra."

BJ - E foi aí que Batuíra passou a fazer parte de sua vida?

SPARTACO - Não posso fazer esta afirmação. Chico só disse isso. Continuei com minhas tarefas porque outras entidades espirituais manifestavam-se, por meu intermédio, e eu não me preocupei com Antonio Gonçalves da Silva Batuíra. Somente em 31 de janeiro de 1964, em Uberaba, eu recebi uma carta de Dr. Bezerra de Menezes através da mediunidade do nosso querido Chico, onde ele manifestava então a alegria de que Batuíra seria realmente o mentor espiritual de nossa casa.

BJ - É verdade que Dr. Bezerra de Menezes (Espírito) sugeriu o nome Grupo Espírita Batuíra?

SPARTACO - Sim, é verdade.

BJ - E como isso se deu?

SPARTACO - Isso ocorreu no ida 31 de janeiro de 1964, quando procuramos o Chico e ele apenas nos disse "Aguardemos os acontecimentos." Terminada a reunião ele entregou à presidente da Comunhão Espírita Cristã de Uberaba, dona Dalva Borges, uma mensagem de 53 páginas para ser entregue a mim. Era uma carta de Bezerra nos informando que ninguém melhor do que o apóstolo paulistano Batuíra para dirigir o Grupo Espírito Batuíra. Cópia dessa comunicação está nos arquivos da secretaria de nossa instituição.

BJ - O que representa Chico Xavier na sua atividade mediúnica?

SPARTACO - Deus é justo e misericordioso. Esta pergunta para mim é muito importante e exige uma resposta cristã. Chico Xavier na minha vida representa um mestre, um exemplo vivo de um ser humano cristão, que nos deu e nos dá sempre os melhores ensinamentos. Nesse meio século que o conhecemos, para mim, ele tem sido uma escola onde sempre aprendo. Se hoje, sou o que sou, devo muito a esse médium, a esse homem idôneo, esse que é uma estrela cadente que veio a este mundo para iluminar o caminho de todos nós. Tenho por ele todo apreço e toda amizade que não dão para traduzir em palavras o que sinto no coração.

BJ - E o senhor ainda mantém contato com o Chico, apesar da saúde dele ser precária?

SPARTACO - Sim. A nossa amizade, como ele próprio diz, vem do passado e quando tínhamos melhores condições físicas, ia quase que mensalmente a Uberaba dar minha modestíssima contribuição aos trabalhos do Grupo Espírita da Prece. Lá, eu costumava ficar ao lado do Chico, enquanto ele conversava com todas as pessoas que o procuravam , porque cada frase dele - eu observava - era um ensinamento.

BJ - Qual a finalidade desse contato com ele?

SPARTACO - É para manter a amizade, o carinho e receber dele os fluídos de que necessito para me fortalecer na tarefa que prometi realizar.

BJ - Como o senhor define o Spartaco, como ser humano, fora do campo espírita? O público geralmente está acostumado com o senhor no centro, naquela atividade mediúnica constante. E fora do centro como é o Spartaco?

SPARTACO - Bem, o Spartaco, plagiando o nosso querido Chico Xavier, fora da atividade mediúnica, fora do Grupo Espírita Batuíra, fora da Doutrina codificada por Kardec, é um pássaro que voa sem direção. Luto bastante para me corrigir para um dia me transformar. Acredito que com perseverança, com toda a certeza me tornarei um dia aquele espírita, que só o Chico eu sinto que é. Eu sigo a orientação de Jesus quando nos afirma que "Aquele que perseverar até o fim será salvo". Quero dizer que sou, na vida particular, um ser humano como outro qualquer. Passeio, visito os amigos e participo de eventos festivos quando posso. Agora eu tenho uma bisneta e minhas netinhas,quando elas vêm aqui em casa, eu as abraço como se estivesse abraçando todas as crianças que existem no nosso planeta.

BJ - O que o senhor acha da criação deste jornal?

SPARTACO - Os mandamentos espíritas são dois: o primeiro é amai-vos e o segundo, instrui-vos. O que importa dizer que a divulgação está contida no segundo mandamento. Sem a divulgação da Doutrina dos Espíritos através da imprensa escrita e falada, o que seria dela? Se ela está se desenvolvendo assim, é porque finalmente, acordou do corpo de carne um grupo expressivo de espíritos com responsabilidade pela divulgação da Doutrina. Nada melhor do que a imprensa escrita, uma vez que ela mantem registrado os fatos. Na minha opinião acredito que o Batuíra Jornal é mais um veículo a serviço da divulgação da Doutrina, especialmente para os espíritas que frequentam a nossa "Casa de Pedras", como costumamos dizer na intimidade.

BJ - Qual a mensagem que o senhor gostaria de transmitir aos leitores do Batuíra Jornal?

SPARTACO - Coitando de mim! Se eu pudesse , eu não limitaria a circulação deste jornal ao Grupo Espírita Batuíra. Acredito que o Batuíra Jornal, com a colaboração dos companheiros de boa vontade, levará aos frequentadores, colaboradores, voluntários da nossa instituição , notícias de seu interesse e mensagens doutrinárias de grande valor para a formação da consciência espírita cristã. Confesso aos leitores do deste jornal que o Spartaco, hoje, com seus quase 83 anos de idade física, ficaria muito grato a Deus se todos os que lessem esta entrevista, na somatória de tudo, pudessem aproveitar o que nela exista de bom, independentemente, da figura do entrevistado.

BJ - Muito obrigado , senhor Spartaco, pela entrevista. Gostaria de acrescentar mais alguma coisa?

SPARTACO - Gostaria apenas de juntar o meu coração às minhas palavras para agradecer, mas agradecer muito o carinho, a paciência, a tolerância e a humildade de Batuíra para com sua "Casa de Pedras" e dizer a ele, neste instante, que continue confiando em nós, porque estamos lutando contra nossas imperfeições, para corresponder em toda a plenitude ao voto de confiança que nos depositou. Confesso que nos momentos mais difíceis da minha caminhada sempre sinto uma sensação agradável que me envolve com muito carinho e tenho a impressão de que é a presença de Batuíra. Agradeço de coração a todos os leitores e peço a Deus, a Jesus e à Espiritualidade Maior que continue sempre nos abençoando sempre.

  • Entrevista concedida a Geraldo Ribeiro da Silva.

Reproduzido do Batuíra Jornal nº 01 - Ano 1 - Janeiro-Fevereiro de 1997