Além das fronteiras da Brasilândia
Levar o trabalho para “dois morros além da Brasilândia”. Com base nessa meta apontada pelo saudoso médium do Grupo Espírita Batuíra, Spartaco Ghilardi, trabalhadores de Vila Brasilândia estão ampliando o atendimento às famílias carentes para além das paredes que cercam a Unidade Assistencial Dona Aninha.
Francisco Colloca, coordenador do acompanhamento externo - visitação, explica que 500 famílias se instalaram na ocupação da Capadócia, cadastraram-se pelo governo do Estado de São Paulo e permanecem à espera de uma moradia digna.
“Marcamos com a líder comunitária uma triagem de campo, no dia 12 de março, e tivemos bastante sucesso. Triamos 30 famílias, num total de 117 pessoas”, comenta Colloca, dizendo que o GEB sempre se preocupa em identificar as regiões que têm mais carência de recursos.
Triagem e sopa
Segundo o coordenador, a ideia é enviar roupas e alimentos para as famílias no dia 16 de abril próximo, contando com a colaboração de vários voluntários.
Serão distribuídos 1 tonelada de alimentos, 400 peças de roupas e 150 calçados nessa ação. O coordenador destaca, ainda, que além da doação de roupas e alimentos, o GEB também está levando à comunidade, todas às terças-feiras, três galões de 50 litros de sopa fraterna preparados pela equipe de voluntários da Brasilândia. “Estamos sempre inovando para o aperfeiçoamento do nosso trabalho e buscando novas oportunidades”, finaliza Colloca.
Jurídico
Como complemento, no dia 14 de maio será realizado o mutirão jurídico na região da Capadócia. Paulo Batimarchi, coordenador do atendimento jurídico fraterno do GEB, destaca que o objetivo desse tipo de atividade é levar o acesso à justiça e cidadania à população carente.
“Nossa ferramenta é a empatia e o amor. Nós os escutamos, fazemo-nos presentes e inseridos no mesmo ambiente das pessoas que são atendidas, criando efetivamente uma conexão com eles, acalmando-os e abrindo caminhos para a mediação de conflitos, não somente visando à judicialização deles”, ressalta Batimarchi, afirmando que a equipe disponibiliza tempo e recursos de modo especial em cada caso.
O coordenador salienta que o acesso à justiça é a expressão pura da cidadania, do sentido de pertencimento e da compreensão da existência de regras de convivência e direitos, sendo que, ao longo dos atendimentos, as pessoas são naturalmente conscientizadas sobre isso.
Conforme explica Batimarchi, apesar de a Constituição de 1988 prever o acesso universal à justiça, esse direito ainda é novo na sociedade. A Defensoria Pública de São Paulo tem apenas 10 anos de existência e há estados do país que sequer possuem defensoria, sendo a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) o único caminho de acesso à justiça para a população vulnerável. “Obviamente, essas soluções ainda não conseguem suprir as enormes necessidades nessa área ou sequer chegam aos mais necessitados. E aqui está outro grande diferencial: nós vamos até eles”, avalia
Desde o ano passado, a OAB passou a apoiar abertamente, em seu novo código de ética (Lei Federal), a atuação gratuita e voluntária (pro bono) de advogados junto à população carente. “Este foi um grande passo em benefício de trabalhos como o nosso, realizado há 10 pelo GEB na Brasilândia”, comemora.
Voluntários do GEB em Ação
- Texto: Talita Caetano - Fotos: Francisco Colloca