Na Brasilândia, um farol chamado Unidade Dona Aninha
Unidade Dona Aninha: coração pulsante
A pandemia reservou a cada um de nós um quinhão de dor, e também aprendizado. Mas, inegavelmente, moradores de regiões mais vulneráveis enfrentaram desafios ainda maiores nesse período. Em Vila Brasilândia, foi assim. Por isso, apesar das limitações sanitárias, nossa unidade assistencial no bairro se organizou, pelo segundo ano, para tentar suprir necessidades e acolher nossos assistidos de diferentes maneiras.
Nesse sentido, um dos principais compromissos mantidos ao longo de 2021 foi o fornecimento de até 250 marmitas diariamente, de segunda a sábado. A mobilização de funcionários da casa já havia começado em 2020 e foi se aprimorando ao longo do último ano, com treinamento orientado para uso e manipulação dos alimentos. Com o avanço da vacinação na cidade de São Paulo, houve a retomada paulatina de voluntários para este trabalho.
Além das marmitas, houve a distribuição mensal de 200 a 300 cestas básicas, produtos de limpeza e higiene, cobertores, roupas, brinquedos e calçados.
O trabalho foi possível graças à parceria com líderes comunitários, que identificavam as principais carências e as famílias mais necessitadas a serem beneficiadas com as doações.
Brasa Mais
Mesmo com as dificuldades do período de quarentena, foi com alegria que vimos o projeto Brasa Mais, que atende crianças de 4 a 6 anos, crescer e ampliar o alcance. Se, em 2020, 17 crianças participavam das atividades recreativas e de fortalecimento de vínculos, agora, em 2021, o número mais que dobrou, chegando a 37. E deve aumentar ainda mais.
O projeto é uma iniciativa das irmãs voluntárias Ana Celia Mustafá Campos, Ana Paula Mustafá Mariutti e Ana Lucia Mustafá Nunes. Na unidade do GEB, após um delicioso e nutritivo almoço, as crianças participam de oficinas culturais e esportivas, com brincadeiras que divertem ensinando.
Reformas e Melhorias
Paralelamente à prestação de serviços, aproveitamos o menor fluxo de pessoas em nossas instalações para fazer reformas e melhorias prediais, com a instalação de rede de internet, plantio de árvores, plantas, criação da horta comunitária e de duas secretarias. Foram realizadas manutenções nas áreas elétrica e hidráulica, além de pisos, pinturas, telhados e equipamentos. Nas áreas usadas pelo Brasa Mais, tivemos pequenas reformas e a chegada de novas mobílias, para a ampliação do espaço e o conforto no atendimento de um número maior de crianças.
Se a nossa unidade em Vila Brasilândia é como um coração, que acolhe e distribui amor, logo nos damos conta de que ele bate sempre acelerado, pronto para experimentar mais sentimentos, ou seja, mais atividades. Fruto da colaboração de tantos e dedicados voluntários, sempre cheios de novos projetos. O diretor da unidade, Luiz Mello, que é também 2º vice-presidente do GEB, fala da emoção proporcionada a todos:
– Eu sempre fico muito feliz quando vou à Unidade D Aninha e acompanho os atendimentos, melhorias, as reformas. E não têm sido poucas, mesmo em tempos de Covid. Tudo isso me emociona muito. O que mais me encanta é o trabalho realizado com as crianças, promovendo a alegria e o despertar para novas visões de mundo, através da brincadeira, do conhecimento, da integração e do acolhimento. Acredito que estamos no caminho certo, promovendo a formação de pessoas para o BEM e mais preparadas para os desafios do futuro.
Falando em futuro, Luiz conta que vários projetos já em andamento vão continuar, como o Brasa Mais e a Família Assistida – num novo formato, que conta com a ajuda de líderes comunitários para chegarmos aos mais necessitados. Os voluntários da Sopa Fraterna já foram convidados à volta gradual ao trabalho, mas no cardápio atual, oferecendo marmitas.
Também retomamos as aulas profissionalizantes do Curso de Panificação, com a conclusão da turma iniciada em 2020 (foto acima), antes da paralisação por causa da pandemia, e abrimos a primeira turma do Curso de Limpeza Corporativa e Limpeza e Higiene Hospitalar.
Formatura do Curso de Limpeza Corporativa e Hospitalar, realizado com funcionários do GEB e membros da Família Assistida. Fundamental nos dias de hoje, o curso abordou temas como Limpeza, Higienização, Aspectos Comportamentais, entre outros.
Para 2022, já estamos planejando a chegada de novos trabalhos, como o Costurar o Futuro que, além de técnicas de costura, vai ensinar conceitos de educação financeira, dando a chance de alunos empreenderem no ramo.
– Vem aí o Brasa Jovem, que vai oferecer várias atividades para cerca de 35 adolescentes, entre 14 e 16 anos. Nosso plano é ter aulas de inglês, música, informática e promover discussões sobre sustentabilidade, refletindo sobre como cuidar do ambiente e entorno em que vivem, e também sobre temas do dia a dia deles, como gravidez, morte, violência urbana entre outros – adianta Luiz.
Como vemos, esse enorme coração chamado Unidade Dona Aninha só pensa em bater forte e feliz, multiplicando oportunidades para uma vida melhor.
Espaço Apinagés
Embora as atividades presenciais do Espaço Apinagés também estivessem suspensas, o trabalho interno de cuidado e manutenção continuou sendo realizado sob a responsabilidade das voluntárias Ana Luiza Gouvea e Arlete Guimarães, inclusive na recepção de eventuais doações.
O trabalho das fadinhas ganhou uma nova dimensão ao ser executado no sistema “home office”: os reparos das roupas, o preparo de roupinhas de crochê, tricô e uma novidade foi implementada: a atividade artesanal de lindas bijuterias. Tudo realizado em casa de cada voluntária fadinha, com muito amor e dedicação.
A separação de roupas, calçados e brinquedos de responsabilidade do Espaço, cujos itens são incluídos na distribuição semestral, não sofreu qualquer interrupção e apresentou uma inovação: ao invés de serem selecionados em kits, foram disponibilizados para que assistidos escolhessem eles mesmos suas peças, na Distribuição Semestral.
Gradualmente, o Espaço Apinagés vem retomando suas atividades presenciais, principalmente o Bazar. Há uma enorme expectativa para que 2022 tudo possa voltar ao novo normal.
- Texto: Simone Queiroz e JCZaninotti
- Publicado no Batuíra nº146