Mais enxovais para os bebês de Vila Brasilândia
Pedro, Mateus, Nina, Maria Eduarda, Sofia e muitos outros estão a caminho... O nascimento de uma criança para novas experiências e oportunidades na Terra é sempre motivo de contentamento, mas também de preocupação, quando as condições não parecem satisfatórias, quando materialmente falta até o básico. O período da pandemia, com tanto desemprego, tem imposto ainda mais carências à nossa Vila Brasilândia, e isso foi sentido também no Curso de Orientação Maternal, criado pelo Grupo Espírita Batuíra há 47 anos – embora, mesmo antes, atividades semelhantes já fossem desenvolvidas por Ana Segundo, a dona Aninha.
São normalmente nove encontros, em que as futuras mamães têm lições sobre os cuidados na gestação, com o bebê e planejamento familiar. Ao final, recebem como brinde um enxoval para o filhinho que vai nascer. A pandemia, no entanto, inverteu a prioridade. Não é possível reunir o grupo, mas a necessidade do enxoval mostra-se ainda maior, e o GEB arregaçou as mangas.
Mara Colloca, coordenadora do trabalho, explica que nos últimos meses percebe-se um movimento maior de mulheres pedindo ajuda para vestir os bebês que estão esperando.
– Antes, de alguma forma, a família, os vizinhos se ajudavam, mas o coronavírus afetou profundamente o bairro e está muito difícil para todos. Então percebemos um aumento na procura pelo enxoval – explica Mara.
Ela entra em contato com as gestantes - a partir do oitavo mês de gravidez - que deixam o telefone e informações pessoais na portaria do GEB. Marca um encontro presencial para conhecer mais profundamente a situação da família, as alegrias e as dificuldades. Nesse dia, a futura mamãe sai com o enxoval nas mãos
Em paralelo à crescente necessidade em Vila Brasilândia, o que se viu nos últimos meses foi a mobilização dos batuirenses para atender essas famílias que estão aumentando de tamanho. Mara revela que cresceu significativamente o número de doações de itens necessários para os primeiros tempos de vida.
– Pessoas que fazem crochê, tricô e costuras entenderam a urgência do momento e, assim, recebemos mais doações do que era de costume antes da pandemia. Muita gente está passando mais tempo em casa por causa da pandemia e pode se dedicar a esse tipo de trabalho. Com isso, estamos conseguindo atingir mais famílias. Em junho e julho, entregamos 40 enxovais completos.
Sobras de linha e retalhos de pano se transformam em peças de roupa. Mãos em movimento nas agulhas e máquinas de costura tecem peças, mas são, principalmente, exemplos de amor e atenção ao próximo. Como se pode ver nas fotos, é tudo arrumado e embalado com o maior capricho. As mães levam para casa peças novas e também uma boa quantidade de roupinhas usadas – mas absolutamente íntegras, bem conservadas. Além disso, recebem sapatinhos, fraldas, toalhas de banho, sabonete, pomada antiassadura, paninhos de boca, cobertas e mantas.
Neste inverno rigoroso que temos tido este ano, uma doação de roupas para crianças de 2 a 4 anos também chegou às mãos da equipe do Curso de Orientação Maternal. Isso permitiu atender, ainda, filhos maiores das gestantes. Que alegria e alívio para mães, meninos e meninas!
Quando a pandemia arrefecer e as condições sanitárias permitirem, o tradicional Curso de Orientação Maternal voltará. Mas, agora, a urgência material não pode esperar. E quanto mais doações chegarem, mais crianças poderão ser atendidas.
Para quem quiser participar dessa corrente do bem, as doações de roupinhas e outros itens de enxoval podem ser entregues na Unidade Apinajés, do Grupo Espírita Batuíra, que fica na rua Apinajés, 591, em Perdizes.
- Texto de Simone Queiroz
- Publicado no Batuíra Jornal nº 145