Oficinas de Vida Nova
Há anos, uma grande variedade de curso de formação profissional é oferecida à comunidade da Vila Brasilândia e arredores pela Unidade Assistencial Dona Aninha, do Grupo Espírita Batuíra – informa a coordenadora dessa atividade, Sylvia Márcia Menezes de Bruin.
O curso de Informática Básica, que é desenvolvido em parceria com a empresa Green, se dirige a jovens dos 14 aos 21 anos. O mesmo ocorre com o curso de Auxiliar de Escritório, realizado junto com o SENAC. Dos mais procurados, o curso de Panificação e Confeitaria, feito em parceria com o SENAI, tem duração de 40 dias e dá certificado de conclusão que abre portas para o primeiro emprego na área.
O curso de Costureira (o) de Máquina Reta e Overloque, com aulas às 3ªs e 6ªs feiras, com quatro horas de duração por dia, também conta com o apoio do SENAI.
Marta Bento de Oliveira, de avental azul, supervisionando o curso de modelagem na Unidade Dona Aninha.
Em paralelo, oferece-se ainda o curso de Modelagem de Roupas, graças ao apoio técnico do SENAI. A instituição cede o material didático, o curso tem duração de 160 horas e é supervisionado por Marta Bento de Oliveira, funcionária daquela entidade.
Dois outros cursos – de Corte e Costura e Oficina de Artesanato — são desenvolvidos por voluntários da Casa.
Em Busca de Reequilíbrio
Lucilene Ramos da Silva, 38, esteve casada por 18 anos, tem cinco filhos. Foi morar no Paraná. Quando voltou a São Paulo, o companheiro a abandonou e ela ficou com 4 filhos: uma menina de 17, Eduardo, de 15 (com necessidades especiais), Joaquim, de 6, tem os rins não desenvolvidos, sujeito a frequentes infecções, e Benjamin, 3.
Tinha vida estável quando o casal dirigia um serviço de manutenção de ar condicionado. O quinto filho é Henrique, de 22 anos, já casado. Joaquim já frequentava a creche do Batuíra. Lucilene, que está aprendendo Corte e Overloque, pensa em fabricar peças íntimas e infantis para reequilibrar a vida da família.
Um atelier e muitas viagens
Dona Nenê (Ednalva da Silva Figliano), 51 anos, sofreu de depressão e ansiedade por anos. O marido está desempregado, tem duas filhas – uma casada, com25 anos, outra com 15.
Dona Nenê realizou trabalhos de patchwork, produziu caixas organizadoras e, no ano passado, conheceu a Unidade Dona Aninha do Batuíra. Gostou, se identificou com o curso de Máquina Reta, comprou uma máquina e alugou um canto na garagem de uma irmã da igreja Mórmon. Ela quer ensinar a família a lutar. Seu sonho é ter um atelier e viajar para o exterior.
O pão de cada dia
Roberto Pereira, 52 anos e há seis atuando como professor do curso de Padaria e Confeitaria da Unidade Dona Aninha, de onde é funcionário, calcula que nesse período já formou cerca de 500 padeiros e confeiteiros, à razão de 108 por ano. Muito conceituado, o curso que ele dá, de 272 horas, atende duas turmas por dia, de 2ª a 6ª feira, com quatro horas de duração, das 8h00 às 12h00 e das 13h00 às 17h00.
Professor Roberto (de gorro) ao lado de alunos do curso de panificação.
Roberto também calcula que mais de 40% dos alunos conseguiram empregos de boa qualidade ou montaram negócios próprios, como padarias, pizzarias ou similares.
Ivani Grande da Silva, 56, é moradora da região. Viu, ao passar pela porta do Dona Aninha, a placa convidando para o curso. Ela, que trabalha à noite como segurança em festas, viu no curso de Padeiro e Confeiteiro uma oportunidade nova de qualificação profissional. Então, matriculou-se e está cursando. O marido, de 60 anos, é ambulante. Os três filhos estão casados. “Gostei muito” – explica. “Aprendendo, penso em iniciar um negócio, alugar um pequeno lugar. A família conta com isso.”
Milena Cardoso Marinho, 26 anos, também mora na região e tem aproveitado os cursos da Unidade Dona Aninha. Já fez os de Informática, Costura e Modelagem, e agora está concluindo o de Padeiro e Confeiteiro. Milena é casada, ainda não tem filhos, o marido é segurança em baladas. Já estava interessada na oportunidade e, quando soube que o curso teria início, logo matriculou-se. Sua mãe já vende bolos e salgados sob encomenda, e também é diarista. Milena a ajuda e agora quer aperfeiçoar-se na confeitaria. Sua irmã de 19 anos divulga o trabalho e anota os pedidos.
Alan Alves, 28 anos, tinha um blog sobre aviação – sua grande paixão. Fez um curso de panificação da Prefeitura, que achou insatisfatório e então matriculou-se no da Unidade Dona Aninha. Tomava sopa ali com frequência e, na segunda tentativa, conseguiu a matrícula no curso de Padaria e Confeitaria. “Estou aprendendo muito”, ele diz, “e já tenho uma encomenda de bolo de aniversário, com chantilly, bico de confeiteiro e laranja.” Alan quer abrir negócio próprio, fazer doações para os necessitados e se matricular na faculdade de Ciências Aeronáuticas para chegar a ser um comandante. Alan faz o Curso Básico de Espiritismo aos sábados na Unidade Dona Aninha.
- Texto e fotos de Sebastião Aguiar