Educação e Amor
A Diferença é o amor, que perdoa, confia e estabelece limites e transmite valores.
Em que família fomos chamados a trilhar na atual encarnação? Pode ser uma tradicional, de um pai e uma mãe, ou a de um pai ou uma mãe sozinha ou ainda dois pais ou duas mães. Ou ainda outras listadas pelo IBGE em um total de 19 arranjos diferentes de famílias existentes no Brasil. Mas não importa qual é o nosso tipo de família. O que realmente faz a diferença é o amor, que perdoa, confia, sabe estabelecer limites e transmitir valores.
Essa foi uma das conclusões do 13° Encontro de Educadores da Escola de Moral Cristã do Grupo Espírita Batuíra (EEIJ/GEB), que reuniu no dia 27 de agosto monitores e familiares dos alunos da EEIJ. O encontro promoveu dinâmicas diferentes de representações dos vários tipos de família e teve a palestra de Robson Ferreira, um dos membros do Conselho Fiscal do GEB, que abordou o tema “Espiritismo e Família”.
Amor na Vivência Familiar
Ferreira, que exaltou o papel do amor na vivência familiar, comentou o parecer do ministro Ayres Britto, relator no julgamento do Supremo Tribunal Federal que equiparou as relações entre pessoas do mesmo sexo às uniões estáveis entre homens e mulheres. “Esse ministro, em seu parecer, recorreu a Chico Xavier para dizer que a família não é só uma questão jurídica, mas uma relação de afetividade. Isso porque Chico é um humanista e influencia todo o mundo. Então, o juiz citou um texto atribuído a Chico que diz: “A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos. O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum, é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos. Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoas mais ou menos”, relatou Ferreira.”
O palestrante afirmou que vê a paternidade como uma grande prova de confiança de Deus em nós, e que a Doutrina Espírita nos mostra que os laços de família – às vezes tão fortes e em outras tão frágeis, que logo se desfazem – têm origem em encarnações passadas. São os laços espirituais, desenvolvidos em outras vidas, que criam as simpatias e a comunhão de ideias, que fortalecem as relações entre os Espíritos e as perpetuam, para além de uma encarnação.
Dessa forma, a parentela corporal é uma oportunidade que Deus nos dá, mas não é um vínculo permanente. E, na família, os Espíritos mais adiantados, sejam pais ou filhos, se esforçam para fazer com que os retardatários progridam. “Trata-se de uma afeição real, de alma para alma. Uma afeição que é a única a sobreviver à destruição do corpo físico. Cabe a nós, sabermos exteriorizar esse amor, principalmente em relação a nossos filhos, sabendo não só transmitir valores, mas dar limites, para não criar jovens tiranos, como tantos que vemos hoje mandando nos pais”, destacou.
Ele lembrou ainda uma oração, de autoria de Emmanuel, chamada “Oração pelos entes queridos”, psicografada por Chico Xavier, que ressalta a importância de não projetarmos nossos sonhos em nossos filhos e de aceitarmos as escolhas deles quando sejam diferentes das nossas, para não escravizá-los nos nossos pontos de vista. Segundo ele, os principais desafios das famílias são: ciúme, competição, posse, distribuição de tarefas do dia-a-dia, alienação infantojuvenil, drogas, alcoolismo, divórcio, violência e depressão. Entre as soluções, ele cita respeito mútuo, fraternidade, desapego, tolerância, disciplina, e educação evangélico-espírita. Porém, o mais importante é sempre o amor.
“A Doutrina Espírita é o arcabouço moral para que entendamos os fundamentos da família que não foi formada aqui, mas no plano espiritual. Ela também nos dá os instrumentos para que entendamos que os desafios familiares são transformadores. Ela nos dá o conhecimento e ferramentas essenciais para que convivamos em família: a oração, o Evangelho no Lar e a Escola de Moral Cristã”, concluiu.
Segundo Moema Melani, uma das coordenadoras da Escola de Moral Cristã do GEB, a proposta desse encontro de educadores foi a de preparar os monitores e familiares de crianças e jovens para a convivência com outras crianças e jovens que tenham famílias diferentes das tradicionais. “Precisamos nos preparar à luz da Doutrina para receber os alunos que trazem realidades e vivências diferentes das que estamos acostumados a lidar. E a Doutrina nos dá vários instrumentos nos levando sempre ao diálogo, à compreensão e à aceitação dessas novas famílias”,
explica.
Texto de Rita Cirne, publicado no Batuíra Jornal nº 119